Priscila Soares Falchi

Do ponto de vista psicanalítico, a prevenção de ataques de pânico não é abordada no sentido de evitá-los completamente, mas sim de compreender e trabalhar com as dinâmicas psíquicas subjacentes que os provocam.
Os ataques de pânico são vistos como manifestações de conflitos inconscientes e angústias profundas. Autores como Freud, Klein e Winnicott viam esse fenômeno como sintomas têm uma função na economia psíquica do sujeito.
O trabalho psicanalítico visa, dessa forma, não à prevenção no sentido estrito, mas à ...elaboração dessas angústias e à ressignificação das experiências traumáticas que podem estar na origem dos ataques. Através desse processo, é possível que a pessoa desenvolva recursos psíquicos para lidar melhor com suas ansiedades, potencialmente reduzindo a frequência e a intensidade dos ataques de pânico.
Além disso, a psicanálise contemporânea reconhece a importância de abordagens integradas. Isso pode incluir o desenvolvimento de estratégias para manejar a ansiedade no cotidiano, sem perder de vista o trabalho analítico mais profundo.
Por fim, posso dizer que, embora não possamos falar em "prevenção" no sentido tradicional, o trabalho psicanalítico oferece um caminho para a compreensão e transformação de questões psíquicas que estão na base dos ataques de pânico, podendo levar a uma melhora significativa na qualidade de vida do sujeito. Leia mais

Essa é uma pergunta muito interessante e que frequentemente surge na prática clínica. Os ataques de pânico, de fato, podem ocorrer a qualquer hora do dia, mas é verdade que muitas pessoas relatam que acontece com mais frequência durante a noite.
Do ponto de vista psicanalítico, entendo esse fenômeno através de várias perspectivas. Freud, em seus estudos sobre a ansiedade, dizia que o sono pode diminuir nossas defesas psíquicas, permitindo que conteúdos inconscientes e angústias reprimidas venham à tona com mais facilidade.
Além disso, a noite muitas vezes repre...senta um momento de maior solidão e introspecção, quando as distrações do dia cessam. Isso pode levar a uma maior consciência de pensamentos e sensações corporais que, durante o dia, poderiam passar despercebidos e também pode ser um momento de vulnerabilidade.
É importante considerar também os aspectos fisiológicos. Durante a noite, ocorrem mudanças naturais em nosso corpo, como alterações nos níveis hormonais e no ritmo cardíaco, que podem ser mal interpretadas por indivíduos propensos à ansiedade, desencadeando um ataque de pânico.
À noite, quando o silêncio predomina, a ausência de estímulos externos pode amplificar nossa "voz interna", às vezes levando a ruminações ansiosas.
Na prática clínica, trabalhamos para ajudar o paciente a compreender o significado subjetivo desses ataques noturnos, explorando possíveis conflitos inconscientes, medos reprimidos ou experiências traumáticas que possam estar se manifestando nesse momento de maior vulnerabilidade.
Então, resumindo a resposta, os ataques de pânico noturnos são um fenômeno que envolve uma interação entre fatores psicológicos, fisiológicos e ambientais. Compreender essa complexidade é muito importante para um tratamento eficaz e para ajudar no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento adequadas. Leia mais

Essa é uma pergunta muito pertinente e, infelizmente, bastante atual. A resposta é clara: sim, a depressão pode afetar crianças e adolescentes, não se limitando apenas aos adultos.
Na perspectiva psicanalítica, desde os trabalhos pioneiros de Melanie Klein sobre os estados depressivos infantis, reconhecemos que as crianças são capazes de experimentar emoções profundas e complexas, incluindo a depressão. Essa importante psicanalista nos mostrou como as primeiras relações objetais da criança podem influenciar seu desenvolvimento emocional e potencialmente levar a estados ...depressivos.
Outro grande autor da psicanálise, D. Winnicott, por sua vez, enfatizou a importância do ambiente facilitador no desenvolvimento emocional da criança. Quando esse ambiente falha em fornecer o suporte necessário, pode-se criar condições para o surgimento de quadros depressivos.
É importante notar que a depressão em crianças e adolescentes pode se manifestar de maneira diferente da depressão adulta. Podem apresentar irritabilidade, problemas de comportamento, queixas somáticas ou dificuldades escolares, em vez dos sintomas clássicos observados em adultos.
Na adolescência, período em que ocorre uma efervescência de transformações e conflitos internos, como bem descrito por autores como Erik Erikson, a depressão pode se manifestar de forma ainda mais intensa, muitas vezes mascarada por comportamentos de risco ou rebeldia.
Como psicanalistas, penso que é fundamental estarmos atentos a essas manifestações, reconhecendo que a depressão não tem idade mínima para surgir em cada pessoa. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são pontos essenciais para prevenir complicações futuras e promover um desenvolvimento emocional saudável.
Em resumo, posso dizer que a depressão é uma realidade que pode afetar pessoas em qualquer fase da vida, desde a infância até a idade adulta, embora suas manifestações possam variar de acordo com o estágio de desenvolvimento. Leia mais